quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Um veto por um jantar!

Escrevo estas linhas no jardim de São Bento! Apesar de estar a chover está-se melhor cá fora do que lá dentro, na residência oficial do meu dono... é que o sr. primeiro-ministro está um pouco irritado com o veto do sr. Presidente da República e está a dar os seus tradicionais murros na mesa que tanto aterrorizam os assessores! Parece que o sr. Presidente não promulgou o diploma do Governo sobre a prescrição de medicamentos o que deixou o meu dono visivelmente doente: suores frios, cara vermelha, cabelos em pé, punhos fechados, respiração ofegante! Aliás, sempre que o meu dono fica doente todos os assessores e os principais ministros ficam também doentes. É uma manifestação de solidariedade carinhosa para com o meu dono. Eu também costumava ficar doente mas nos últimos tempos a nossa relação esfriou e eu deixei de sentir os mesmos sintomas febris. Eu sempe achei que o meu dono e o sr. Presidente da República têm uma relação doentia: sempre que têm de estar juntos, por exemplo, ficam os dois com dores de barriga, enjoados e muito mal dispostos! Neste caso do veto, o meu dono levou muito a mal que o sr. Presidente se meta numa área que só a ele diz respeito: " Cão, quem trata da saúde dos portugueses sou eu, mais ninguém. pá!". E não posso deixar de concordar com o meu dono: cada vez nos trata mais da saúde! Agora segue-se a reacção habitual do meu dono: vai fazer uma birra e não vai dizer se vai ou não ao eventos organizados pelo sr. Presidente... por exemplo, vem aí o Presidente da Alemanha e o meu dono só à última hora é que vai confirmar se vai ou não ao banquete organizado pelo sr. Presidente... o que põe o departamento de Protocolo do Estado num alvoroço porque tem de estar de olho na entrada para ver se o automóvel do meu dono chega para ir a correr mudar a ordem dos lugares da mesa!! Eu quando ia, ficava sempre debaixo da mesa a mordiscar os sapatos do sr. Presidente (só assim é que o meu dono me dava um chocolate quando chegava a São Bento!).

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

UMA SAÚDE DE CÃO

Agora que a falta de dinheiro começa a apertar, o meu dono mandou reduzir o Plano Nacional de Saúde. Parece que tínhamos muitos planos mas pouca prática. Havia gavetas cheias de planos, intenções, estudos que eram só para fazer volume, mais nada... sob este ponto de vista não há grande diferença entre a secretária do meu dono e o Plano Nacional de Saúde. Tudo atafulhado de papéis mas nada de útil. Tudo começou no dia a seguir à derrota do dr. Manuel Alegre - camarada que o meu dono já não se lembra se apoiou ou não - quando o sr. primeiro-ministro decidiu limpar os montes de planos e projectos que tinha em cima da secretária. Como sempre faz quando, de 3 em 3 meses limpa a secretária, o meu dono atira um dardo ao alvo que tem na parede e tem escrito "Governo"... o ministério em que o dardo acerta é o escolhido pelo meu dono para ser alvo de uma limpeza. Calhou o dardo acertar no Ministério da Saúde. O meu dono não tinha a certeza se ainda havia ministro da Saúde e ligou para o dr. Pedro Silva Pereira para indagar. Ao que parece havia Ministério e ainda tinha ministro... ministra, mais exactamente. O meu dono ficou espantado: afinal ainda tinha ministra da  Saúde! O sr. primeiro-ministro foi ao seu computador Magalhães e enviou uma mail para a senhora ministra - depois de ter voltado a perguntar o nome da ministra ao dr. Silva Pereira - a mandar reduzir qualquer coisa. Parece que estiveram dois dias reunidos no Ministério da Saúde e depois de terem pensado reduzir o número de supositórios por embalagem ou o número de clips por hospital, acabaram por decidir reduzir o Plano Nacional de Saúde. Eu - e isto é apenas a minha opinião de rafeiro - acho que esta medida vem apenas provar a coerência do meu dono que ao longo destes 6 anos de governação tudo tem feito para nos tratar da saúde! Há cães que acham mal não haver um Plano de Saúde para Cães, mas eu não concordo. Acho que o meu dono tem feito um esforço heróico para que todos em Portugal - da tartaruga ao cão, do funcionário público aos imigrantes - tenham uma saúde de cão! Bem haja, por isso, o  meu dono!